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Deep Work: um conceito chave para aumentar sua produtividade

Quem já leu o “Sobre” aqui do blog sabe que eu sempre fui uma pessoa muito interessada em aprender sobre produtividade e organização. É um assunto que sempre fez parte da minha vida e até por isso surgiu a ideia do blog. E quem me conhece sabe que eu estou sempre com um livro na mão. Leitura sempre foi meu hobbie favorito. Juntando essas duas coisas, fica fácil deduzir que eu sou uma grande consumidora de livros sobre produtividade/organização.

Essa introdução foi para dizer que recentemente encontrei um livro novo sobre o assunto, chamado “Deep work:  rules for focused success in a distracted world”, de Cal Newport. Novo é maneira de dizer, porque na verdade ele foi lançado em 2015. Mas pelo que eu pesquisei somente esse ano ele foi publicado em português, com o título “Trabalho focado: como ter sucesso em um mundo distraído”.

O livro entrou imediatamente para a minha lista de leituras porque o conceito que ele traz é bem interessante: basicamente a ideia é que o trabalho que todos nós fazemos pode ser classificado em duas categorias:

• deep work (trabalho profundo) é aquele que gera valor, que traz resultados relevantes, nos aproxima de nossas metas; requer energia, tempo e concentração.
• shallow work (trabalho superficial): são aquelas tarefas que não levam à lugar nenhum e não exigem grande concentração ou esforço mental; coisas como reuniões, e-mails, telefonemas, por exemplo.

Claro que o chamado trabalho superficial, apesar de não contribuir diretamente para nossos objetivos e nem produzir resultados importante e de qualidade, ainda precisa ser feito. Segundo Newport, o segredo para o sucesso e para a produtividade é equilibrar o tempo que se gasta em cada um dos tipos de trabalho.

O autor aponta que esse trabalho superficial pode facilmente ocupar nosso dia, de forma que não tenhamos tempo para nos dedicar ao deep work. Daí vem que aquela sensação que as vezes temos de que trabalhamos muito mas não estamos produzindo resultados nem saindo lugar. Isso reforça a ideia de que estar ocupado não significa que você está sendo produtivo.

Cal Newport acredita que muitas pessoas preenchem suas agendas com atividades do tipo shallow work e depois encaixam o trabalho que realmente precisa ser feito no tempo que sobra. Ora, deveria ser justamente o contrário. Deveríamos priorizar o trabalho que de fato importa e depois fazer as demais atividades. O ponto aqui não é permanecer 100% do tempo realizando o trabalho do tipo profundo, até porque isso é impossível considerando que não podemos deixar de ler e-mails, atender telefonemas e participar de reuniões. A ideia é priorizar e equilibrar: dê sempre preferência a fazer o trabalho profundo, mas equilibre-o com o trabalho superficial.

mesa café notebook

Foto de Freephotocc em Pixabay

Entretanto, dedicar-se ao trabalho profundo apresenta algumas dificuldades. Newport aponta que o deep work, por suas próprias características, tende a ser entendiante, uma vez que focar em uma única coisa por um longo período de tempo, sem se deixar distrair por estímulos externos, pode causar um certo cansaço mental porque nosso cérebro é treinado para não tolerar esse nível de tédio.

Estudos realizados por Daniel Weissman, da Universidade de Michigan apontam que quando nos sentimos entendiados e a mente começa a se distrair, algumas partes do cérebro simplesmente se desconectam. Quando estamos cansados de fazer uma mesma tarefa, de focar nossa atenção exclusivamente nela, algumas áreas cerebrais entram em repouso, diminuindo a comunicação cerebral.

Além disso, costumamos preferir fazer o trabalho superficial porque ele é fácil (requer pouca concentração) e gratificante (faz com que nos sintamos produtivos). A boa notícia, segundo o livro de Cal Newport, é que a concentração necessária para se dedicar ao deep work é uma habilidade e, como tal, pode ser treinada e desenvolvida. Ele também aponta que essa habilidade é cada vez mais rara nos dias de hoje e, portanto, também mais valiosa.

Outra dificuldade que faz com que se dedicar ao trabalho profundo não seja algo praticado pela maioria das pessoas é o fato de que vivemos em mundo que nos bombardeia o tempo todo com mil e uma formas de distração. É só fazer um teste: desafie-se a focar em uma tarefa importante por uma hora ininterrupta. Pegue aquele projeto importante e dedique uma hora inteira do seu dia de trabalho a ele. Livre-se de todas as distrações e interrupções: e-mails, ligações, mensagens. Desligue o celular.

Parece um pouco assustador, não? Mas isso é o seu cérebro querendo se refugiar nas tarefas mais fáceis. Além, claro, da grande quantidade de trabalho superficial que requer nossa atenção. Mais o fato de que poucos se dedicam a melhorar a concentração e treinar o foco.

Como eu disse no começo do post, assim que soube do livro o coloquei na minha lista de leitura e pretendo lê-lo o mais breve possível. Acho que os conceitos que ele aborda vem de encontro à muitas coisas que eu acredito sobre produtividade e que, inclusive, já falei sobre aqui no blog. Por exemplo, o quanto a multitarefa pode prejudicar a produtividade (uma vez que ela “ensina” o cérebro a nunca focar em uma coisa só por vez). Ou como algumas tarefas pouco importantes podem atuar como ladrões de tempo (roubando o tempo que deveria ser dedicado a tarefas importantes).

Apesar de ainda não ter lido o livro, eu li vários artigos e resenhas sobre ele e resolvi resumir as dicas que eu vi por aí de como implantar o trabalho profundo na sua vida. Futuramente, depois de ler o livro, posso fazer uma resenha sobre ele aqui no blog.  Por agora, o infográfico embaixo sintetiza as dicas de como trazer esse conceito para o seu dia a dia.

dicas sugestoes implantar deep work

Aqui no blog existem posts relacionados a algumas dessas dicas, como esse falando sobre time boxing (blocos de tempo) ou esse que fala sobre como e porque definir prioridades.

Alguém aí já conhecia esse livro? Já leu? A relação entre concentração e produtividade não é nenhuma novidade, mas esse livro me parece trazer algumas ideias novas e interessantes sobre o assunto. Se você já leu, me conta aqui nos comentários. Aproveita e e me diz também o que você pensa sobre esse tema.

Até mais,

Juliana Sales

Sobre mim

Engenheira, apaixonada por livros, animais, fotografia e natureza. Produtividade e organização são assuntos que sempre fizeram parte da minha vida e esse blog é para falar sobre o assunto, mas sem cobranças nem idealizações e sim para viver uma vida mais leve, tranquila e com propósito.

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Comments

26 respostas para “Deep Work: um conceito chave para aumentar sua produtividade”.

  1. Avatar de Monique Dieli Chiarentin

    Achei muito interessante esse conceito de “deep work”! Vou guardar o post nos favoritos para ler sempre que eu precisar!
    Amei ❤

    Beijos
    http://invernode1996.blogspot.com.br

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    1. Avatar de Juliana Sales

      Que bom que gostou do post Monique!

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  2. Avatar de Kissindia Santos

    Bem interessante esse conceito deep work, pra mim a técnica pomodoro e me afastar do celular funcionam bem para produtividade no trabalho. Mas anotei as dicas para quando eu precisar.

    Beijos

    ohmykiss.com

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    1. Avatar de Juliana Sales

      O método Pomodoro é muito eficiente mesmo Kissindia. Tomara que as dicas sejam úteis para você!

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  3. Avatar de Lunna Guedes

    Como já falei algumas vezes, não me encaixo na maioria dos formatos existentes, mas acho que a escola onde estudei é uma das responsáveis por isso. Desenvolvi disciplina. concentração e foco nas coisas que preciso fazer. E o café é meu melhor aliado. rs
    Tenho um ritmo insano de trabalho, mas é tudo dentro de algo pré-planejado e se não ocorre esse planejamento tudo se perde e eu enlouqueço. A única coisa que foge disso é a minha escrita. Ela tem vida própria. rs E eu tentei educá-la, colocá-la dentro do molde, mas não aceitou. Acho que é onde está toda a minha rebeldia.
    Gosto imenso de te ler porque acabo compreendendo melhor minhas manias e olhar de fora é sempre uma ótima maneira de compreender rituais-ritmos.
    Ah, me lembrei. Eu tenho dificuldade em lidar com pessoas que não se organizam, recentemente recusei um trabalho porque a pessoa simplesmente não tem foco, mil anotações confusas e um conjunto enlouquecedor de idéias que não se orientam. Respirei fundo e disse ‘estou sem tempo’. Mas eu preciso encontrar um mejo de lidar com pessoas assim.

    bacio e boa semana

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    1. Avatar de Juliana Sales

      Oi Lunna, quem dera todas as escolas ensinassem esse tipo de coisa! Planejamento também é a base que me ajuda a manter minhas coisas em ordem e ter tempo para quase tudo. E quanto a pessoas que não se organizam, a maioria das vezes consigo lidar graças a minha própria organização, mas admito que já fugi de pessoas assim também. Fico feliz que o blog te permita essa reflexão sobre você mesma.

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  4. Avatar de Cilene

    Eu preciso muito ler e estudar sobre disciplina, foco e organização. Com certeza seu blog é um lugar cheio de tudo que preciso. Adore ler, mas confesso que não muito sobre esses assuntos, justo o que preciso…hahahaha
    Mas essa achei essa técnica bem interessante e prometo pra mim mesma que lerei mais post do seu blog pra conhecer mais sobre organização.
    Beijos

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    1. Avatar de Juliana Sales

      Oi Cilene! Estamos aqui pra isso! rs o que não falta por aqui é dica. Quero mostrar que organização não tem que ser uma coisa chata e difícil. É pra ajudar, sabe? Espero que o conteúdo aqui seja útil pra você!

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  5. Avatar de claudialeonardi

    Oi Juliana
    Eu gosto muito do seu blog e da forma que vc escreve os posts, parabéns!
    Você me inspira!!
    Quero ler mais sobre deep work e ja anotei o livro.
    Preciso trabalhar mais os blocos de tempo e urgentemente sair da internet!
    Adorei este post 🙂
    Bjs

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  6. Avatar de Juliana Sales

    Oi Cláudia! Obrigada pelos elogios, fico feliz que goste do blog!
    A internet muitas vezes é um problema, tem dias que eu mesma me perco nela! Usar blocos de tempo é ótimo, é umas das coisas que mais me ajuda a manter meu dia em ordem, um bloco de tempo para cada coisa.

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  7. Avatar de Retipatia
    Retipatia

    Oi Juliana!
    O título do post me fez entrar e querer conhecer o assunto, porque não é um tema que eu conheço, mas produtividade, sem dúvidas, é algo que estou sempre querendo ver como posso alcançar de maneira mais eficiente.
    Achei interessante essa classificação e, por vezes, também tenho a sensação de que fiz muita coisa, mas não fiz nada. Exatamente porque algumas das tarefas são as superficiais e não geram resultados e, sem resultado a ideia é sempre a de que não fomos produtivos.
    Vou querer conferir quando sair resenha desse livro! ❤
    xoxo

    Curtido por 1 pessoa

    1. Avatar de Juliana Sales

      Oi Rê! Isso de fazer muitas coisas e ter a sensação de que não se faz nada é muito comum mesmo. É aquela velha história de que estar ocupado não é o mesmo que ser produtivo. Futuramente farei um post com a resenha do livro sim!

      Curtido por 1 pessoa

  8. Avatar de Luana Souza

    Acho que já disse, mas vou repetir: o trabalho que você faz aqui nesse blog é ótimo. Cheio de informações pertinentes, interessantes, e que ajudam as pessoas mais dispersas e que precisam se organizar mais. Eu, por exemplo, vivo procurando estratagemas para ficar mais focada e fazer meu trabalho render. Embora não costume ler livro sobre isso, adorei a dica 🙂

    Curtido por 1 pessoa

    1. Avatar de Juliana Sales

      Oi Luana! Muito obrigada pelas palavras, fico feliz que goste do blog e o ache útil. É por isso que eu escrevo, para ajudar e compartilhar dicas sobre esses assuntos que eu gosto tanto.

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  9. Avatar de bruna0402

    Que post, eu preciso muito disso no meu dia rsrs mas, no meu serviço por exemplo, tem dias que focar 15 minutos em uma tarefa se torna algo quase impossível. Nós nos tornamos multitarefas e as pessoas acham isso incrível. Eu discordo. Sim, é bacana que saibamos resolver várias coisas ao mesmo tempo mas realmente, às vezes parece que não resolvemos nada além da probabilidade grande que nos sujeitamos a erros. Vou procurar esse livro =)

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    1. Avatar de Juliana Sales

      Oi Bruna! Dependendo do ambiente em que trabalhamos a dificuldade de evitar interrupções é mesmo quase impossível, porque não se trata apenas da nossa vontade e sim da disposição dos outros em cooperar. E quanto a multitarefa, você está certa, eu sempre falo aqui no blog o quanto é ruim embora a sociedade veja como algo bom, como sinônimos de produtividade. E é bem o contrário. Se ler o livro, me conte o que achou!

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