Existem alguns conceitos que estão diretamente ligados a ideia de produtividade, por exemplo, organização, planejamento, gestão do tempo. Um outro conceito, relacionado negativamente à produtividade é a procrastinação.
Todos sabemos o que é procrastinar: deixar para depois o que você deveria estar fazendo agora. São várias as razões que nos fazem procrastinar uma tarefa, mas o sentimento é sempre o mesmo: preguiça, falta de motivação, falta de disposição para fazer o que precisa ser feito.
Mesmo sendo uma pessoa organizada e 100% adepta do planejamento, eu já tive fases em que fui muito procrastinadora, não por falta de tempo ou por excesso de coisas para fazer, mas simplesmente porque me faltava vontade para fazer algumas das minhas tarefas. Eu deixava tudo para a última hora e, por mais que não perdesse prazos, eu criava um estresse e uma pressão desnecessárias.
Isso porque nem a pessoa mais produtiva do mundo consegue evitar que a procrastinação apareça uma vez ou outra. O que faz a diferença é a forma como lidamos com ela: cedendo ou buscando uma maneira de driblar essa vontade.
Eu já fiz um post bem completo aqui no blog sobre procrastinação e lá eu apresento quais os motivos mais comuns por trás dessa atitude de não conseguir fazer as coisas, de deixar para depois, de ficar adiando. Então, para mim, o primeiro passo para lidar com a procrastinação é entender porque eu estou procrastinando. É uma tarefa específica ou naquele dia eu não estou com vontade de fazer nada?
No meu caso, eu percebi que as principais justificativas por trás da minha procrastinação são: ou a tarefa é muito chata ou eu não sei por onde começar. Ocasionalmente também acontece o que é explicado na lei de Emmet: preocupação excessiva com os resultados. Ou o bom e velho medo de falhar. No post que eu linkei lá em cima, eu explico sobre isso. É quando o medo de que a gente não consiga atingir o resultado desejado nos paralisa ao ponto de adiarmos constantemente a ação. Racionalmente não faz sentido, mas inconscientemente evitamos o risco de falhar não tentando. Para essa situação não tenho nenhuma dica prática, a não ser trabalhar a mentalidade para lidar com essa preocupação exagerada com o erro e o fracasso. Terapia pode ser um bom caminho.
As outras duas situações que, como eu disse, são as causas mais comuns da minha procrastinação, são um pouco mais fáceis de lidar. Para uma tarefa muito chata, o que funciona para mim é buscar a motivação por trás daquela tarefa. Por que estou fazendo isso? Como a maior parte das minhas atividades está relacionada a projetos maiores, lembrar esse objetivo maior ajuda bastante. Mas preciso admitir que alguma vezes a motivação é simplesmente concluir um trabalho para receber o pagamento referente à ele. Pessoalmente, eu não acredito que isso seja algo que funciona a longo prazo, no sentido de que a sua motivação para fazer qualquer coisa seja sempre financeira. Mas para algumas situações pontuais e momentos específicos, não vejo problema algum. Afinal, todo mundo precisa de dinheiro, não é?
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Outra coisa que eu costumo fazer é dividir a tarefa em mini tarefas, menores e mais simples. Isso é especialmente útil para tarefas grandes e complicadas, mas também funciona para tarefas que são muito chatas ou muito entendiantes. Dividindo em partes menores é mais fácil ter motivação. Por exemplo, vamos supor que você precisa ler um relatório qualquer de 100 páginas. Ler tudo isso pode parecer cansativo e chato. Mas e se você dividir a leitura em 10 blocos de 10 páginas? É bem mais tranquilo ter “coragem” para ler 10 páginas do que 100. E pode até acontecer de você pegar o embalo e emendar vários blocos de 10 páginas.
As vezes, dependendo do tipo de atividade, em vez de dividir a tarefa em si eu divido o tempo necessário para fazê-la. E dá para fazer isso mesmo se eu não souber exatamente quanto tempo vou levar. Isso é uma coisa que eu fazia muito durante a minha pós graduação. Eu tinha que estudar, mas não tinha um tempo específico para isso, nem um número exato de páginas para ler. Eu precisava pesquisar sobre o assunto e aprendê-lo. Então, eu estipulava um período “x” de tempo para isso. Por exemplo, eu programava 25 minutos no celular e nesse tempo eu me dedicava totalmente a essa pesquisa/estudo. Dependendo do desenrolar das coisas, eu podia emendar alguns blocos de 25 minutos ou fazer só um mesmo, porque era só o que eu conseguia aquele momento. Pode parecer pouco, mas pelo menos você sai do lugar. Fazer um pouquinho de cada vez é melhor do que não começar nunca.
Nas duas situações o princípio é o mesmo: simplificar, facilitar. Se você está sem vontade de fazer alguma atividade, quanto mais fácil e simples ela parecer maiores as chances de vencer essa falta de vontade.
A outra causa comum que me leva a procrastinação é não saber por onde começar. Isso geralmente acontece quando é algo novo, alguma situação com a qual não estou habituada a lidar no meu dia a dia ou quando é algo muito complexo, que envolve várias tarefas, recursos, ações e prazos que precisam ser coordenados.
Para tarefas complexas a solução é o planejamento. E antes disso, colocar no papel todas as variáveis envolvidas. Eu faço assim: coloco tudo no papel, as vezes em forma de lista, as vezes usando mapas mentais. Colocar as coisas no papel me faz enxergá-las de forma mais clara e assim consigo agrupar, estipular prazos, definir recursos necessários e determinar tudo que precisa ser feito. Tendo todas as informações claras é só uma questão de organização e planejamento.
Já quando é algo novo, acontece o que a gente chama de paralisia por análise. Sempre que preciso fazer algo que eu ainda não domino, algo novo, eu gosto de pesquisar e me cercar do máximo de informação e conhecimento. O problema é que muitas vezes eu fico tempo demais nessa pesquisa e aquisição de informações e acabo adiando o que interessa, que é a ação ou atividade que eu de fato preciso fazer e que motivou toda essa pesquisa.
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Para contornar isso o que eu faço é estabelecer limites para essa pesquisa, esse aprendizado. Pode ser um período de tempo (minutos, horas, dias, dependendo de qual seja o assunto) ou um número máximo de fontes de consulta (pessoas, livros, sites). Essa situação, inclusive, é algo que tenho vivenciado atualmente. Eu pretendo reorganizar meu espaço de trabalho ainda esse ano. Trocar a mesa, comprar um notebook novo, trocar a estante por uma maior para acomodar melhor meus livros. E já há algum tempo eu tenho pesquisado sobre configurações de notebooks, tipos de mesa e preço de estantes. Mas ainda não saí do lugar, não fiz nenhuma mudança. É um exemplo bobo, não é algo prioritário ou que tenha prazos, por isso não me incomodo de estar procrastinando. Mas é só para exemplificar uma situação de paralisia por análise.
Aliás, vou usar esse exemplo para dar outra dica. Como eu disse, reorganizar meu home office é algo que eu quero fazer, mas não estabeleci nenhum prazo. E a falta de prazo é algo que pode ser um incentivo a procrastinação, já que não há nenhum limite de tempo determinado. Se você passa por uma situação assim e quer resolver, uma boa ideia é definir um prazo. O fato de ter uma data final para fazer alguma coisa pode funcionar como um bom antídoto anti procrastinação.
Antes de terminar, vale lembrar que somos todos seres humanos e não máquinas. Por isso, algumas vezes, a melhor forma de lidar com a procrastinação é ceder a ela. As vezes estamos mesmo cansados, desmotivados, precisando de uma pausa, de um momento de relaxamento. A procrastinação pode ser um pedido do seu corpo e da sua mente para parar, descansar, recuperar a energia. Então, tudo bem procrastinar um pouquinho as vezes. Só cuide para que isso seja a exceção e não a regra.
Eu já falei bastante por aqui sobre procrastinação, mas dessa vez quis contar como eu, particularmente, lido com isso no meu dia a dia. Quem sabe pode servir de ajuda ou inspiração para alguém. E vocês, o que fazem quando a procrastinação aparece? Tem alguma dica para dar? Compartilhem nos comentários!
Até mais,
Juliana Sales
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