Quando falamos da relação das pessoas com produtividade e organização, algo que sempre me deixa curiosa é quem nunca planeja nada. A tranquilidade e a facilidade que o planejamento me traz é algo que eu gostaria que todo mundo vivesse, então eu sempre tento entender como alguém consegue viver sem se planejar.
E entre os “não planejadores”, existem duas categorias: aqueles que não se planejam porque não conseguem ou não sabem como, mas gostariam de mudar isso e aqueles que não se planejam porque não querem e vivem bem com isso. Claro que cada um sabe a melhor forma de viver sua vida, mas isso não me impede de ficar curiosa e tentar entender porque alguém se sente melhor vivendo no caos e deixando tudo para última hora. Quando eu li o livro Comece pelo mais difícil, do Brian Tracy, encontrei um conceito que fala um pouco sobre isso: a Lei da Eficiência Forçada.
A Lei da Eficiência Forçada diz que “nunca há tempo para fazer tudo, mas sempre há tempo para fazer o mais importante”. Ou seja, nossa lista de tarefas é infinita, nunca acaba, porque estão sempre surgindo coisas novas. E é impossível aumentar o número de horas do dia, então o ponto é saber escolher o que precisa ser feito primeiro, que é o mais importante.
E o que isso tem a ver com a falta de planejamento? É simples: quem não se planeja tende a deixar tudo para a última hora. E todos nós já passamos pela situação de, intencionalmente ou não, ter que terminar um projeto de última hora. E sabendo que as consequências de um atraso podem ser complicadas, nos esforçamos muito mais para conseguir terminar a tempo.
Foto de Ethan Medrano em Unsplash
Pessoas que não tem o hábito de se planejar podem se justificar dizendo que “funcionam melhor sob pressão”. Parece que existe a necessidade de se sentir pressionado, de criar o sentimento de urgência para que a pessoa consiga se concentrar e direcionar sua energia e atenção para fazer suas tarefas, especialmente as mais importantes.
Pode-se pensar que, se funciona, se a pessoa consegue entregar as coisas no prazo, está tudo bem ser assim. Se você acha que está tudo bem se colocar sempre em uma situação de estresse, estar permanentemente tendo que se esforçar o dobro ou triplo para poder fazer suas atividades, quem sou eu para questionar. Pode ser que você goste dessa adrenalina ou até que precise dela para conseguir se concentrar. Mas definitivamente não é algo que eu queira pra mim.
Além disso, estudos apontam que deixar as coisas para a última hora, além de ser mais estressante, também leva as pessoas a cometerem mais erros e fazerem um trabalho de menor qualidade, sujeito a retrabalho. Pesquisas na área da neurociência mostram que trabalhar com prazos apertados diminui nossa criatividade e restringe a capacidade de tomada de decisão, aumentando a chance de escolhas equivocadas.
Temos que levar em consideração também que não é só a falta de planejamento que faz com que as pessoas deixem para fazer as coisas de última hora. Muitas vezes se faz o planejamento e simplesmente ele não é colocado em prática. E isso tanto tem a ver com um planejamento que não foi bem feito quanto à tendência de ignorar o planejado e intencionalmente (embora de forma inconsciente) deixar tudo para depois.
Foto de Markus Spiske on Unsplash
É curioso que quem não se planeja, ou se planeja mas ignora o planejamento, parece viver um paradoxo. A pessoa deixa para depois para se sentir pressionada e acabar não tendo alternativa senão fazer o que precisa ser feito porque há pouco tempo. Todos sabemos que quando o tempo é curto muitas vezes nos viramos do avesso para entregar as coisas no prazo. Ou seja, a pessoa evita a procrastinação… procrastinando! Ou procrastina até o limite, quando não é mais possível adiar. Pensando bem, não deixa de ser um forma de “motivação” e mesmo que funcione, eu continuo questionando se é saudável.
Por outro lado, um planejamento equivocado também pode contribuir para que as coisas acabem ficando para a última hora. Eu sempre digo que planejamento não é algo rígido, não é para encher todas as horas do seu dia de compromissos e afazeres. Porque se for feito assim, qualquer imprevisto que aconteça (e eles vão acontecer) desmorona todo o planejamento criado.
Por isso é preciso entender que planejamento é para organizar melhor o uso do seu tempo e, inclusive, te permitir lidar melhor com imprevistos, minimizando o impacto dele sobre todas as outras coisas que você precisa fazer.
Esse post de hoje foi uma reflexão que eu quis trazer pra cá a partir de uma conversa com uma pessoa bem próxima a mim que não planeja nada, nunca. Durante a conversa eu ouvi um outro ponto de vista que eu quis compartilhar por aqui. Vocês já sabem que eu estou sempre pesquisando e tentando entender mais sobre a relação das pessoas com a produtividade, então me contem: vocês são o tipo de pessoa que deixam tudo para a última hora? Se sim, por que? Se sentem bem assim? Gostariam de mudar? Já tentaram e não conseguiram? Compartilhem suas opiniões comigo.
Até mais,
Juliana Sales
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