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Produtividade leve: novos conceitos e abordagens

Quem já leu qualquer post em que eu falo sobre produtividade sabe que ser produtivo pra mim é fazer meu trabalho e minhas obrigações com eficiência de modo a ter tempo para todas as demais áreas da vida. É sobre buscar métodos de organização, gestão do tempo e similares para conseguir fazer as coisas de forma otimizada e distribuir meu tempo entre tudo o que eu quero fazer. Claro que nem sempre isso é possível, mas é o que eu busco e o que norteia minhas decisões.

Toda a ideia de “alta performance”, de fazer cada vez mais coisas, é algo que você não vai ver por aqui. E até algum tempo atrás isso poderia ser um pensamento isolado, mas hoje – felizmente – cada vez mais pessoas buscam produtividade não para fazer mais e sim para conseguir descansar e ter tempo para estudar, se divertir, estar com a família e amigos e por aí vai. Ano passado, inclusive, eu fiz um post falando um pouco sobre essa “nova” tendência de produtividade.

Com cada vez mais pessoas tendo interesse nesse tema e cada vez mais especialistas defendendo essa ideia e propondo formas de colocá-la em prática, têm surgido novos termos para explicar novos conceitos que tem a ver com essa produtividade leve, equilibrada e sustentável, que busca essencialmente o bem estar, através formas de trabalhar melhor, não mais. E no post de hoje eu quero compartilhar com vocês alguns desses novos conceitos.

Eu já falei sobre FOMO (Fear of Missing Out) nesse post aqui e, como o próprio nome diz, é o medo de perder, no sentido de medo de ficar de fora de alguma coisa, de não saber o que está acontecendo, de não ler o livro na lista dos mais vendidos, não assistir aquele filme super comentado, de não estar em uma nova rede social em que todo mundo está. É esse sentimento que explica o excesso de informação a que estamos submetidos, que nos leva a querer estar sempre online, a correr pra ver sempre que aparece uma nova notificação. E eu nem preciso explicar de novo os problemas decorrentes dessa situação.

A princípio, o JOMO (ou alegria de ficar de fora), parece ser o oposto do FOMO, mas vai além disso. Não é só a alegria de não precisar saber de tudo (no contexto de consumir menos informação, por exemplo). É também a ideia de não precisar desejar tudo, querer tudo, alcançar o topo, ser extremamente bem sucedido, etc. No fundo, penso que é sobre menos, que é algo que tem muito a ver com a ideia de simplificar as coisas e conversa também com o minimalismo. Que, é sempre bom lembrar, não é simplesmente menos. É menos coisas desimportantes, inúteis e sem valor para ter mais espaço (e tempo e energia) para o que é realmente valoroso e importante para cada um.

JOMO expressa a ideia de orgulhosamente viver de forma mais lenta, consciente – realmente sentir a alegria de “estar de fora” do que não agrega e não é importante.

notebook xicara de cafe sobre uma mesa ao ar livre

Eu já falei aqui no blog sobre os conceitos de Slow Life e Slow Media. Ambos são aspectos de um movimento maior, o Slow Movement, que propõe viver de forma mais consciente em todas as áreas da vida, deixando de lado a correria e vivendo as coisas em outro ritmo. Na verdade, mais do que reduzir a velocidade a ideia é viver com consciência, fazendo as coisas na velocidade certa, sendo propositalmente lento ou intencionalmente rápido de acordo com as circunstâncias e não viver apenas na pressa, sem como nem porquê, sem sequer saber porque corremos tanto.

O movimento tem alguns princípios que o norteiam, dentre eles a valorização da qualidade em vez da quantidade, o respeito aos ritmos naturais, pessoais e sociais, a busca do equilíbrio e a moderação dos excessos. Isso tem tudo a ver, por exemplo, com respeitar nossos picos de energia e as características do nosso cronotipo.

Esse termo sintetiza uma conclusão óbvia, mas que na realidade da maioria das pessoas ainda é deixada de lado, seja pela crença na ideia tradicional de que produtividade é fazer mais, seja pelas circunstâncias de vida e trabalho que não permitem incorporar esse conceito no dia a dia.

Por óbvio eu quero dizer aquilo que, no fundo, todo mundo sabe: quando você cuida de si mesmo, você está mais preparado para lidar com as demandas do seu trabalho e da vida em geral. É essencial se cuidar, mental e fisicamente, para ser produtivo a longo prazo. Felizmente, algumas empresas já começam a se atentar para isso, inclusive por perceber na prática um aumento de casos de burnout e dos níveis de estresse, que está diretamente relacionado à baixa produtividade.

O autocuidado produtivo vem nos lembrar da importância de ter uma boa noite de sono, se alimentar de forma saudável, fazer exercícios físicos, enfim, sobre hábitos e rotinas que são essenciais para reduzir o estresse e a ansiedade, aumentar a energia e melhorar o desempenho cognitivo.

caderno oculos cha sobre uma mesa com notebook ao fundo

Aqui voltamos um pouco à ideia de minimalismo que eu mencionei no conceito de JOMO, que se refere à trabalhar de forma mais inteligente em vez de trabalhar mais. Não é fazer muitas tarefas e sim fazer as tarefas certas – as importantes, prioritárias – e fazê-las bem feitas e de modo eficiente.

A ideia, basicamente, é simplificar. O minimalismo, em sua essência, é sobre estar confortável com o sentimento de que mais não obrigatoriamente significa melhor. A ideia de ter e fazer mais pode esconder o que é realmente importante, porque no meio de tanta coisa, o significativo, o que tem valor, pode ficar perdido e escondido.

Produtividade minimalista fala disso: se livrar dos excessos. Das tarefas inúteis e desimportantes para poder focar no que é prioridade. De diminuir distrações para ter tempo para o que é importante. De evitar o fluxo interminável de informação a que estamos submetidos (como diz o slow media). O foco é simplificar para facilitar. E isso vale inclusive para métodos, sistemas e ferramentas de produtividade. Escolha o mais simples.

Ainda existem alguns outros conceitos interessantes, mas vou deixar para outro post para que esse aqui não fique muito extenso. Me contem se já conheciam esses termos e o que acham dessa ideia de uma produtividade mais conectada ao bem estar.

Até mais,

Juliana Sales.

Sobre mim

Engenheira, apaixonada por livros, animais, fotografia e natureza. Produtividade e organização são assuntos que sempre fizeram parte da minha vida e esse blog é para falar sobre o assunto, mas sem cobranças nem idealizações e sim para viver uma vida mais leve, tranquila e com propósito.

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Comments

3 respostas para “Produtividade leve: novos conceitos e abordagens”.

  1. Avatar de helenhelenacardoso
    helenhelenacardoso

    Não conhecia o termo “JOMO” e gostei muito!
    E gostei muito do post também, como sempre…

    Curtido por 1 pessoa

    1. Avatar de Juliana Sales

      Oi Helena! JOMO é um dos conceitos que está cada vez mais incorporado no meu dia a dia. Que bom que gostou do post!

      Curtido por 1 pessoa

  2. Avatar de Produtividade leve: novos conceitos e abordagens – parte 2 – ProdutivaMente

    […] vamos continuar a temática do último post, trazendo mais alguns conceitos relacionados à essa concepção de produtividade que busca […]

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