Hoje em dia quase todo mundo quer ser mais produtivo. E é natural, considerando que todos têm uma quantidade enorme de tarefas a fazer e coisas a resolver. Todo mundo quer ter uma carreira bem sucedida, estudar, ter tempo para a família, se divertir com os amigos, cuidar de si mesmo, assistir uma série, ler um livro, se dedicar a algum hobbie…
E quando pensamos em todas essas coisas que queremos fazer, a tendência é acreditar que é necessário ser mais produtivo. E é por isso que eu digo que, em essência, produtividade é obter resultados, no sentido de conseguir fazer as coisas que você quer e precisa fazer. Englobando tudo que eu falei no primeiro parágrafo: obrigações e deveres, mas também descanso e diversão.
Por isso é tão comum atualmente as pessoas se interessarem por esse assunto. Inclusive, também é por isso que esse blog existe: não só porque eu gosto do tema mas porque eu gosto de compartilhar com as pessoas o que eu sei e aprendo sobre ele.
E é justamente por ser uma interessada e estudiosa do tema que, com o tempo, eu fui percebendo que a produtividade pode ter um lado pouco saudável. E eu já falei sobre isso aqui, quando disse que produtividade não precisa ser sinônimo de alta performance. Se você quiser, tudo bem, mas não é uma obrigatoriedade e nem é o conceito de produtividade que eu vivo e compartilho.
Mas como eu sempre digo, nesse assunto não existe certo e errado. Se você busca ser mais produtivo para fazer cada vez mais coisas, tudo bem. Não é porque eu não enxergo dessa forma e não quero isso para a minha vida que quer dizer que seja errado. Eu apenas gosto de alertar que se tome cuidado para que essa busca, talvez até obsessiva, por trabalhar mais, fazer mais, dar conta de tudo não se torne algo pouco saudável e que traz mais prejuízos do que benefícios.
Foto de Hey Beauti em Unsplash
E um problema que eu também vejo nessa associação é tentar buscar uma alta performance que é quase irreal e daí vem o título do post: a busca de uma situação utópica, impraticável. Vamos pensar: você acham que é mesmo possível sustentar, a longo prazo, um estilo de vida caracterizado por trabalhar 10,12 horas por dia, dormir poucas horas por noite e fazer refeições de poucos minutos apenas para não perder tempo? Viver focado no trabalho, na busca de sucesso e resultados extraordinários, mas sem tempo para família, amigos e até para si mesmo?
Claro que eu entendo que algumas pessoas vivem essa realidade simplesmente porque não tem escolha, precisam sobreviver. E isso é algo que me entristece porque existem inúmeros estudos e pesquisas científicas que apontam o quão pouco saudável é viver dessa forma. Então o que eu quero dizer é que se você vive essa realidade por escolha (mesmo que inconsciente) pare e pense se vale mesmo a pena. Veja se esse ideal de produtividade que você almeja, de resultados grandiosos todos os dias, de abraçar o mundo, não é uma ilusão que está prejudicando sua saúde e te impedindo de realmente desfrutar do seu tempo e sua vida.
Esse é um dos lados disso que eu chamei de “utopia da produtividade”. Mas o conceito que eu busco e que eu compartilho por aqui, também pode se tornar ilusório. Quem me acompanha sabe que minha ideia de produtividade tem a ver com equilíbrio, com ter tempo para obrigações e lazer, basicamente o que eu comentei no começo do post.
E eu acredito muito nisso e é o que tento viver no dia a dia. Mas eu sei também que sou privilegiada por ter uma rotina de trabalho extremamente flexível e também de poder fazer o que gosto. Então eu sei que para mim não é difícil vir aqui e fazer um discurso que te incentiva a dormir mais horas por noite, tirar um tempo para estar com amigos e família e cuidar de si, planejar suas tarefas de forma a aproveitar seus picos de energia ao longo do dia.
E aí, quem me acompanha pode achar que é impossível chegar nesse situação que eu descrevo porque tem uma rotina de trabalho padrão, das 8h às 18h, com 1 hora de almoço e mais sabe-se lá quanto tempo gasto no trânsito. E a pessoa acaba se frustrando porque almeja essa realidade e não sabe como fazer para torná-la possível.
E muitas vezes realmente não é possível, ao menos não a curto prazo. Nossa sociedade tende a valorizar e incentivar essa correria, essa “falta de tempo”. O estar sempre ocupado é quase glamourizado e associado a ser bem sucedido. E aí, quando você vai na contramão disso, pode surgir a impressão que esse tal de equilíbrio é impossível de ser alcançado.
Foto de Brooke Cagle em Unsplash
No final das contas a minha proposta desse post é deixar uma mensagem bem simples: a produtividade que você deve buscar é aquela que atende as suas demandas. Se você busca alta performance, ok. Se busca um estilo de vida como o defendido pelo movimento slow life, por exemplo, ok também.
E aí entra um outro conceito que eu tenho buscado cada vez mais: propósito. E nem precisa ser em um sentido grandioso, como o propósito de vida ou algo assim. Eu falo propósito no sentido de saber porque você faz o que você faz, porque vive a vida da forma como vive e onde quer chegar fazendo o que faz e vivendo como vive. E, além disso, entender se você realmente quer isso, acredita nisso, ou está sendo influenciado pelo que quer seja.
E isso passa por não idealizar situações. Quer você busque a alta performance quer almeje o equilíbrio, adapte isso para a sua realidade. O que é alta performance para um guru da produtividade não é nem precisa ser o mesmo para você. O equilíbrio que eu tanto defendo aqui pode não ser possível de ser repetido de forma idêntica na sua vida.
O ponto chave é pegar os conceitos da filosofia que você quer seguir e trazer para a sua realidade, adaptando ao que você vive, às suas condições e limitações. Eu acho legal que hoje existem vários perfis, blogs, sites que falam de produtividade. E acho também que toda dica é válida, todo método tem seu valor. Mas é essencial que qualquer dica que você siga, qualquer método que você adote seja adaptado para a sua vida, transformado em algo que seja alcançável e viável dentro do seu dia a dia.
Eu ainda quero falar mais desse assunto, seja sobre a produtividade tóxica que cobra que você faça o máximo de coisas possível no mínimo de tempo, seja sobre a busca de um equilíbrio inatingível porque muitas vezes estamos submetidos a uma realidade que não nos permite ter esse equilíbrio, já que dependemos de situações externas. Acho que as duas situações podem ser tornar utópicas e acabar trazendo frustração.
Para encerrar o post, eu queria saber: qual o seu ideal de produtividade? E ele é de fato praticável, possível de ser inserido no seu dia a dia ou é mesmo só um ideal?
Até mais,
Juliana Sales
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