Hoje eu venho com o primeiro post do nosso projeto de leitura (não sabe do que eu estou falando? É só clicar no link). O texto de hoje é para falar sobre o livro “O Milagre da Manhã“, escrito por Hal Elrod. Primeiro quero fazer umas considerações gerais sobre o livro e depois faço um pequeno resumo.
A verdade é que quando eu estava montando a lista com os livros do projeto, eu fiquei em dúvida se este faria parte ou não. Para mim ele sempre pareceu mais um livro motivacional, de autoajuda do que sobre produtividade. No entanto, eu vi algumas pessoas que escrevem sobre produtividade o recomendando e vi tantas outras dizendo que implementar a rotina da manhã sugerida por ele fez com que se tornassem mais produtivas e alcançassem suas metas. Resolvi então ler e tirar minha própria conclusão.
E não, para mim, ele não é exatamente um livro sobre produtividade. Mas ele traz uma proposta que eu acredito que pode sim contribuir para tornar nossa vida mais produtiva. Principalmente se levarmos em conta que produtividade é obter resultados, alcançar metas.
Vamos começar do começo. O que eu percebi é que a ideia geral do livro pode ser dividida em dois pontos:
- o que você faz de manhã, a forma como você começa o seu dia, afeta todo o resto dele;
- para melhorar sua vida como um todo você precisa primeiro melhorar como pessoa, no sentido de desenvolver habilidades e aptidões que te permitam ter a vida que você quer.
Foto de Danielle MacInnes em Unsplash
Até aí, nenhuma novidade. Existem diversos estudos (aqui por exemplo) sobre o primeiro item, defendendo que se você acorda com mau humor, passará o dia mau humorado e isso afetará seu desempenho. Por outro lado, se você se levanta motivado, a tendência é que se mantenha assim ao longo do dia e seu rendimento será melhor. Já o segundo ponto também é bastante óbvio: se você quer atingir algum objetivo você precisa se preparar isso, o que inclui melhorar sua capacidade e adquirir os conhecimentos necessários.
Então, baseado nesse dois pontos, o que livro propõe é desenvolver um ritual matinal a partir de determinadas ações que garantirão que, ao mesmo tempo em que você acorda motivado, você consiga se desenvolver como pessoa. Mais a frente no post eu vou falar um pouco sobre quais são essas ações.
Algo que eu tive em mente desde que me propus a ler esse livro é saber se o tal do “ritual da manhã” poderia ser aplicado mesmo para pessoas que não acordam cedo. Eu já falei aqui algumas vezes que eu tenho um horário de trabalho flexível e também que meu pico de produtividade é à noite. Portanto, eu sou uma pessoa que trabalha até tarde, dorme tarde e acorda tarde. O que eu queria saber é se a proposta do livro funcionaria para mim.
Bom, eu ainda não comecei a testar mas, a princípio, me parece que funcionaria sim. E digo isso me baseando no próprio conteúdo do livro. Primeiro porque o autor explica, logo no começo, que ele escolheu acordar um pouco mais cedo e usar o horário do começo da manhã para desenvolver sua rotina porque era o único tempo disponível que ele tinha. E ainda tem o capítulo 8 do livro, que fala sobre como customizar o ritual do milagre da manhã e adaptá-lo a sua rotina. E nesse capítulo é dito que, apesar de existirem vantagens em se acordar cedo, não é obrigatório que você faça o ritual da manhã logo pela manhã. A ideia geral é que você tenha um tempo para fazer as práticas assim que acorda.
Apesar de te gostado do livro como um todo, dois pontos me desagradaram um pouco. O primeiro é que, em muitas partes ele tem um tom típico de autoajuda. Antes de qualquer coisa quero deixar claro que não tenho nada contra esse tipo de livro. Assim como em qualquer outro gênero existem livros realmente muito bons e outros que são um amontoado de bobagens. O problema aqui talvez tenha sido que eu li com a mente focada em produtividade e portanto, esperava uma linguagem mais direta. Quando o autor fala sobre as práticas matinais esse tom mais prático aparece. Mas em outras partes a linguagem típica de autoajuda fez com que a leitura ficasse um pouco cansativa para mim. Claro que isso não é uma crítica ao conteúdo do livro mas somente uma opinião pessoal. Do mesmo modo que eu não gostei dessa abordagem muitas pessoas podem ter gostado do livro por causa dela.
Foto de Gabrielle Henderson em Unsplash
O segundo ponto que me incomodou é quando, no capítulo 4, ela fala a respeito de quantas horas de sono seriam necessárias. De forma geral ele diz que a quantidade de horas de sono que precisamos (ou achamos que precisamos) é influenciada mais por nossa crença pessoal do que por uma necessidade biológica. A ideia é que, se nós vamos dormir acreditando que não dormiremos suficiente, acordaremos cansados independente se dormirmos 4 ou 8 horas. Segundo essa linha de pensamento, se trabalharmos nossa mente, podemos conseguir acordar descansados mesmo dormindo poucas horas.
O próprio autor afirma nesse ponto que “como há uma variedade tão grande de evidências contraditórias de inúmeros estudos e especialistas, e como a quantidade de sono necessária varia de pessoa para pessoa, não vou tentar defender que haja uma única abordagem correta para o sono.” Felizmente ele deixou isso claro, porque para mim, particularmente, e baseando-se na minha experiência, isso não faz o menor sentido. Para mim, a quantidade de horas de sono que precisamos é sim uma necessidade fisiológica. Algumas pessoas precisam de mais, outras de menos, mas alguém que precisa de 8 horas de sono diárias dificilmente se sentirá descansado com apenas 4. E eu acredito ainda que, a longo prazo, se dormirmos menos do que precisamos, poderemos ter inclusive problemas de saúde mais sérios.
Mas vamos falar então sobre o conteúdo do livro. Como eu disse no começo a ideia geral é que você deve se desenvolver como pessoa, adquirir habilidades, melhorar sua capacidade e estar em constante aprendizado para conseguir alcançar suas metas e objetivos de vida. Então você deve tirar um tempo todos os dias para se dedicar a essas práticas de desenvolvimento pessoal. Aliado à isso, o recomendado é que esse momento seja logo pela manhã, ou mais precisamente, assim que você acorda, de forma que os primeiros momentos do seu dia sejam produtivos e tranquilos e isso se reflita no restante dele.
Hal Erold estabelece 6 práticas diárias, que ele chama de “salvadores de vida”, que são a base do ritual do milagre da manhã. Segundo ele, cada uma dessas práticas contribui para o seu desenvolvimento pessoal em todos os aspectos necessários, além de proporcionar um começo de dia mais produtivo e concentrado.
De forma resumida, é essa a mensagem do livro: implantar no seu dia a dia, assim que acordar, essas 6 práticas, que tem o intuito de promover uma manhã mais calma e produtiva ao mesmo tempo em que te ajudam no que se refere ao desenvolvimento pessoal. A ideia me agrada porque sou uma pessoa que gosta de rotina. Além disso, todas as práticas me parecem úteis, apesar de algumas terem um ar mais abstrato e menos prático. Cada um acredita no que faz mais sentido para si e muita gente pode achar que coisas como afirmações e visualização são ações vazia e sem resultados palpáveis. E eu não sei se existe comprovação científica sobre o funcionamento ou não desse tipo de coisa, mas eu penso que mal não vai fazer. E por outro lado eu acredito sim que ser uma pessoa mais produtiva passa por trabalhar nossa mente para funcionar de forma mais produtiva.
E no final das contas eu terminei o livro bem inclinada a incluir essas práticas propostas na minha rotina da manhã. Algumas coisas já fazem parte das minha atividades diárias, como ler, escrever e exercícios, embora não necessariamente pela manhã. E ainda estou estudando como incluir isso na minha rotina já existente. O legal também é que no próprio livro é dito que você pode e deve customizar as práticas de forma que se adaptem a você e a sua rotina. Existe até uma proposta de aplicar o ritual em 6 minutos, 1 minuto para cada prática.
O que eu sei é que eu não perco nada por testar. E agora eu quero saber: quem aí já leu esse livro? Alguém que pratica essas ações diárias, o ritual do milagre da manhã? E quem não sabia do que se tratava o livro, o que achou? Me contem tudo nos comentários, vamos conversar sobre! Ah, e o livro do próximo mês será “A Mente Organizada”, de Daniel J. Levitin.
Até mais,
Juliana Sales
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