Acho que a maioria das pessoas, se não sabe o que é, pelo menos já ouviu falar do Bullet Journal. Eu mesma já devo ter mencionado o assunto aqui algumas vezes. Mas para quem não sabe do que eu estou falando, vamos lá. Bullet Journal (ou Bujo ou – traduzindo – Diário em Tópicos) é um método de organização desenvolvido pelo designer americano Ryder Carroll.
Segundo o próprio criador trata-se de uma metodologia que pode ser melhor descrita como “uma prática de atenção plena (mindfulness) disfarçada de sistema de produtividade. Foi projetado para ajudá-lo a organizar o que, enquanto você permanece ciente do motivo.”
O método tem um site oficial onde é possível aprender todos os detalhes sobre seu funcionamento e como usá-lo. Todas as informações desse post foram traduzidas de lá. Mas, antes de passarmos as explicações quero ressaltar que, apesar das regras desenvolvidas pelo seu criador, trata-se de um método extremamente flexível. Você não precisa fazer tudo exatamente como as instruções originais.
Acredito que para quem nunca usou o método seja válido seguir as instruções ao pé da letra. Se você ver que tudo funciona bem para você, ok, continue. Senão, faça qualquer adaptação que julgar necessária. É aquilo que eu não me canso de dizer por aqui: qualquer método de organização e produtividade, para realmente funcionar tem que se adaptar a sua rotina e não ao contrário. Senão, será só mais uma coisa chata e complicada, que não te traz benefício nenhum.
Para começar a usar o Bullet Journal você precisa apenas de um caderno e uma caneta. E, claro, conhecer os conceitos do método e entender como ele funciona.
Registro Rápido (Rapid Logging)
É a forma como são feitas as anotações e incluídas as informações no seu Bullet Journal. Ryder diz preferir fazer anotações a mão, embora reconheça suas deficiências, como o gasto maior de tempo e as grandes chances de tudo virar uma bagunça. Entretanto, o objetivo do Rapid Logging é justamente manter as vantagens de se escrever à mão evitando os problemas mencionados.
Para isso, se faz uso dos Bullets, ou marcadores. O Rapid Logging então, nada mais é do que uma forma de registrar qualquer coisa no papel, escrevendo na forma de listas e usando marcadores. Por definição, Bullets são “frases curtas, combinadas com símbolos, classificando-as em diferentes categorias”. Os marcadores tradicionais do método são: Tarefas (.), Notas(-) e Eventos (º), cada uma com seu símbolo específico.
Tarefas (Tasks)
Tarefas são as coisas que você precisa fazer. Suas atividades diárias, suas obrigações. Elas são representadas por um ponto (.) e podem assumir cinco condições. Cada uma delas tem uma representação específica, como mostrado na imagem acima.
Eventos (Events)
A definição do método é de que eventos são momentos memoráveis no tempo. Podem ser compromissos previamente agendados (reuniões, viagens, aniversários, datas comemorativas especiais) bem como podem ser anotados após sua ocorrência, como uma forma de registro (por exemplo, data de assinatura de um contrato, de uma compra). Eventos são representados por um círculo (º).
Notas (Notes)
Notas incluem qualquer tipo de informação que você não quer esquecer, por isso mantém devidamente registrada. Aqui a variedade é ampla: ideias que você teve, pensamentos aleatórios, observações. A representação é feita por um traço (-).
Ryder Carroll sugere alguns marcadores extras que você pode usar ou não dependendo das suas necessidades. E claro que você também pode criar qualquer outra categoria que lhe seja útil. Algumas ideias extras que Carroll sugere são usar um asterisco (*) para destacar prioridades e usar um ponto de exclamação (!) para inspirações (insights, frases motivacionais). Eu costumo usar um ponto de interrogação (?) para coisas que eu preciso pesquisar (desde o preço de alguma coisa, por exemplo, até ideias para posts ou um assunto que eu preciso estudar/aprender).
Registro Diário (Daily Log)
Aqui o nome é auto explicativo: trata-se do registro do seu dia. É onde você anota suas tarefas diárias, os eventos e compromissos daquela data e faz as anotações do que lhe parecer relevante.
O registro diário é onde ficam suas Tarefas, Eventos e Anotações, para cada um dos dias do ano. E é feito de forma extremamente simples. Você abre uma página, anota no início o título (nesse caso, geralmente é a data) e começa a inserir as informações. As categorias de registro rápido mencionadas antes te ajudam a capturar qualquer informação que chegue até você, qualquer ideia ou lembrança que lhe ocorra ao longo do dia, bem como controlar suas tarefas e compromissos.
Você não precisa se preocupar em categorizar ou organizar as coisas. Simplesmente vá escrevendo. É o uso dos marcadores que mantém as coisas organizadas, já que cada categoria contém um símbolo, como já explicado. A grande diferença em relação a uma agenda comum é que o espaço não é delimitado. Se você tirou um dia de folga e não aconteceu nada que merecesse ser anotado, tudo bem, não vai ficar ali nenhuma página em branco sobrando. E se foi um dia mais cheio você não fica limitado ao espaço de uma página por dia, como na agenda tradicional.
O registro diário é uma das quatro principais Coleções do Bullet Journal. Vamos falar sobre as outras.
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Coleções (Collections)
Ryder Carroll afirma que o Bullet Journal é um sistema em módulos. Os módulos são independentes e cada um serve para organizar/registrar algum tipo de informação. Os quatro módulos principais, também chamados de Coleções, são: Registro Diário (Daily Log), Registro Mensal (Monthly Log), Registro Futuro (Future Log) e o Índice (Index).
Já falamos do registro diário, que é para o uso no dia a dia. No início da página se escreve a data e ao longo do dia vão sendo anotadas as tarefas, eventos e quaisquer informações importantes, úteis ou relevantes. Vamos ver o que são e para que servem as demais coleções.
Registro Mensal
Serve como um planejamento/controle. A recomendação é que ela seja dividido em duas páginas. Em uma delas se faz um calendário, que tem a função de apresentar uma visão geral do mês, indicando prazos, compromissos e datas importantes. Pode ser usado também para registrar algo que passou e merece/precisa ser anotado. A outra página é para anotações das tarefas do mês: quais as prioridades, quais as pendências do mês anterior, as metas do mês. O registro mensal deve ser feito pouco antes do início de cada mês.
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Registro futuro (Future Log)
Aqui a função é fazer um registro de prazos, compromissos e datas importantes que não sejam do mês atual. O mais comum é se fazer a cada 6 meses. Há quem prefira fazer a cada bimestre ou trimestre. Eu faço para o ano todo. Quando começo um novo Bujo já faço o registro para os próximos 12 meses. Claro que com o passar dos dias, coisas vão sendo acrescentadas ou modificadas, mas a estrutura em si já fica pronta para um ano inteiro.
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Índice (Index)
Essa coleção também é auto explicativa. É onde você lista as páginas do seu Bullet Journal e o conteúdo de cada uma delas, com o objetivo de facilitar a busca de alguma anotação anterior. Funciona como um índice mesmo (risos). Claro, para usá-lo é necessário numerar as páginas a medida em que você as preenche e ir inserindo a informação no índice. Nem todas as páginas precisam constar no índice, apenas aquelas que você considera mais relevantes. Há quem diga que o índice não é necessário e não o faça. Eu particularmente acho muito útil
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Esses são os conceitos básicos que você precisa saber para começar o seu Bullet Journal. Como eu já falei você pode mudar o que quiser, mas eu acho que o Registro Diário, o Mensal e o Futuro são essenciais. Quanto as Coleções, a variação é ampla. Tudo depende da sua necessidade e da sua imaginação. Eu, por exemplo, tenho uma coleção dos livros que eu quero ler, dos filmes e séries que quero assistir; tenho uma com os dados veterinários dos meus cães e gatos, outra para acompanhar as compras online e ter um controle do que comprei e quando deve chegar. Tenho várias outras, esses são só alguns exemplos, você encontra literalmente milhares de ideias na internet.
Para finalizar, algumas perguntas e respostas rápidas com dúvidas de quem está começando a conhecer o método.
Preciso seguir todos os passos e recomendações dados pelo Ryder Carroll?
Não. É indicado até você se acostumar e entender como funciona o método, mas não é obrigatório.
Preciso começar em janeiro?
Não. O Bujo não é como uma agenda comum, que precisa começar exatamente no dia 01 de janeiro. Seja qual for a época em que você esteja lendo esse post, pode começar seu Bujo agora mesmo.
Preciso de um caderno ou caneta específico?
Não. QUALQUER caderno e QUALQUER caneta servem. O Ryder Carroll usa um caderno pontilhado, mas isso não é obrigatório. Eu também prefiro o pontilhado, mas esse ano de 2018 acabei usando um caderno pautado normal. Você pode usar pontilhado, quadriculado, pautado, sem pauta, o que preferir. É uma questão de gosto pessoal.
O Bujo precisa ser todo colorido e enfeitado como os que a gente vê no Pinterest?
Não! Tanto que o Carroll e muita gente usa apenas uma caneta preta. Outras pessoas usam canetas coloridas. Tem que encha de adesivos, desenhos, faça colagens. Mais uma vez, é questão de gosto pessoal. O importante é que ele cumpra sua função de ajudar a se organizar e ser mais produtivo. O resto é opcional.
Me contem, alguém ainda não conhecia esse método? Quem já usa o Bujo, faz como: segue a forma tradicional do Ryder Carroll ou fez alguma mudança? É tudo colorido e decorado ou bem básico? Quem usou esse ano, pretende continuar no ano que vem? Eu uso Bujo há três anos e continuarei no ano que vem, porque me atende perfeitamente. Gosto principalmente de centralizar tudo em um mesmo lugar, da facilidade de fazer as anotações e de poder usar o espaço da forma que eu quiser.
Até mais,
Juliana Sales
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